sábado, 31 de agosto de 2013

Gente Grande

Os caras agora me olham de outro jeito.
Eu saio de casa cedo e só volto à noite.
Ganho meu salário.

Poxa. Legal.

Agora vai lá, gente grande.

Tira o all star do pé e compra alguns pares de sapato, o preto, o prata, o dourado, o neutro e algum mais coloridinho. 
Doa as calças que você usava e que nem eram adequadas ao formato do seu corpo e faz favor de comprar uma calça social, duas jeans mais chiques, outra que esteja na moda - pra usar aos finais de semana - , uma saia, um vestido e meia calça.
Esquece o rabo de cavalo e abre as portas da sua vida pro secador, pra chapinha, pra hidratação, pro óleo daquilo e pro creme daquele outro. Fique íntima da cera quente e da gilete e lembre-se de que elas te ajudarão a estar preparada para qualquer situação.
Jogue fora aquela calcinha rasgada e cheia de bichinhos, ou deixe pra usar pra dormir, e, por favor, compre duas ou três calcinhas novas e (pelo menos) um sutiã, de preferência adequado às calcinhas.

Sem querer, gente grande, você vai perceber que seus sapatos mais velhos estarão guardados no baú e as prateleiras terão espaço para as botinhas da moda e as sapatilhas do dia a dia. Vai perceber que terá uma caixa reservada para os seus esmaltes, seu alicate, sua acetona e suas dúzias de lixas de unha. Vai perceber tanta coisa boa.

Sem querer, gente grande, você vai perceber que cresceu.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Até quando?

A moça que trabalhava lá em casa costumava assistir ao noticiário e me dizer que o mundo estava acabando. Alguns amigos comentam uma possível mudança de ciclo e a necessidade do fim do mundo. Nunca quis acreditar. Torci muito para que 2012 terminasse como todos os outros anos. 

Na realidade, para mim, o fim do mundo seria ocasionado por uma explosão terrível ou por uma guerra generalizada. Mas, sério, paremos para pensar em tudo o que está acontecendo hoje em dia. Será que não é, mesmo, o fim do mundo? 

Fico me perguntando até quando vou ter esperanças e acreditar que ainda existem pessoas boas no mundo, que podem mudar todas as tragédias já anunciadas. Fico me prendendo ao fato de conhecer muita gente incrível e acreditar no poder de transformação delas. Isso é o que me segura. Isso e aquilo que mamãe sempre ensinou: "a esperança é a última que morre.", ou então, "sem amor não somos nada"

Me prendo à difícil missão do aconteça o que acontecer, por favor, faça o que estiver ao seu alcance, mesmo que seja a mínima coisa, o mínimo gesto; faça pouco, mas faça; mesmo que seja uma ação sem identificação, mesmo que não ocorra retribuição; a árdua missão do faça a sua parte e que nem sempre é fácil de ser executada, assim como nem sempre é viável.

Até quando médicos de um país com excelência em saúde serão hostilizados por se disponibilizarem a atender pessoas para as quais nosso sistema de saúde está "indisponível"?

Até quando uma criança terá que passar a vida inteira no escuro?

Até quando ocorrerão ataques terríveis de toda e qualquer natureza a todo e qualquer tipo de habitante do planeta? (Seriam tantos links, de tantos jornais, blogs, periódicos, páginas do facebook.).

E por aí vai... Até quando?






quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Tente um sorriso.


Existe dor e delícia em sermos quem somos. Se você gosta de uma pessoa como ela é, com os defeitinhos e tudo mais, saiba que você a ama (e relembre que existem diversas formas de amar). Se você a ama, aceite-a, mas fique à vontade para ajudá-la a ser alguém melhor. Além disso, abra espaço para que ela também te ajude a evoluir.


Existem momentos na vida que fazemos de tudo pra tirar um sorriso do rosto de quem amamos.

Mas existem outros momentos que, apesar de desejarmos fazer o possível e o impossível pra conseguir tal sorriso, colocamos a razão em primeiro lugar e nos adequamos às necessidades da tal pessoa amada, mesmo sem saber quais são; mesmo desconhecendo muitos de seus pensamentos.

Acredito que esses momentos ocorram, geralmente, em alguma fase de nossas vidas na qual temos controle emocional suficiente. Portanto, se você estiver em um desses momentos, parabenize-se e saiba que, agir com a razão, por mais difícil que seja, muitas vezes é o melhor que você pode fazer. Muitas vezes é melhor do que tentar adivinhar o que se passa na cabeça dos outros ou então o que lhes aflige.

Para mim, uma advinha de mão cheia, as coisas são mais complicadas do que parecem: luto diariamente com a paixão por tentar acertar e ainda não consegui me tornar melhor amiga da razão, até por que gosto do sentimento e o acho importantíssimo, acho que é ele quem dá essência às pessoas.

Acontece um escorregão aqui, outro ali, devido ao uso do sentimento, e eu acabo me encontrando em lugares aos quais nem imaginava ir. Porém, evitar alguns escorregões e pensar antes de agir também é útil, me ajuda a ficar de pé por mim mesma.
Nos dias que evito o uso do sentimento e, consequentemente, os supostos escorregões, concluo a inviabilidade de deixar meu coração bater mais forte e a impossibilidade de meus olhos ficarem admirados com a beleza de um sorriso.

Em dias assim, não apenas ouça músicas, mas cante-as; não apenas tome um banho mais longo, mas use seu melhor sabonete; se alimente como se não houvesse amanhã e tente dormir na posição mais confortável. Feche os olhos. Amanhã será outro dia.
E se o amanhã for semelhante ao dia que passou, tente outra vez. Já diria Raul.

Aposto que um dia você consegue o tal sorriso. E ele vai ser a surpresa mais gostosa e gratificante do mundo.

"Queira. Basta ser sincero e desejar profundo. 
Você será capaz de sacudir o mundo. 
Tente outra vez, não desista."




segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Família, ê.

Família é foda.

Família é foda por que nunca consegue ser totalmente normal.

Família é foda por que nunca consegue te inserir no mundo real e te ver como se você fosse apenas mais um dos sete bilhões de habitantes.

Família é foda por que tudo o que é foda parece uma tempestade num copo d’água; por que tudo o que é foda te deixa na corda bamba; por que tudo o que é foda, deixa marcas importantes no coração.

Família é foda por que é a única coisa que vai te sobrar quando você realmente precisar; por que é o único abraço interminável e o único ouvido para confissões inconfessáveis; por que é a única mão suficientemente forte para te tirar dos buracos mais profundos.

Família é homem e mulher unidos por um amor indescritível.

Família é avó e avô - ou só avó, ou só avô - que podem te dar belíssimas lições de vida.

Família é irmão e irmã. De sangue ou só de coração. Daqueles que originam uma bela briga e mil belas risadas. Daqueles que descontam a raiva em você e em que você também desconta sua raiva. Daqueles que vão te dar raiva quando você os vir crescer.

Família é mãe e pai - ou mãe que é pai, ou pai que é mãe - os que te trouxeram até aqui e que, independente da idade, do nível intelectual e da sabedoria, serão sempre imaturos. Imaturos a ponto de querer cuidar de você como se você fosse um bebê; de fingir que esqueceram da última briga ou da última ausência; de fazer intriga antes de te abrir um sorriso. Imaturos a ponto de ter tanto ciúmes de você a ponto de criar barreiras 'anti-mundo', tentando evitar o inevitável e te proteger de coisas que você já está careca de saber.

Família nunca é um só. Família é sempre um conjunto. E na maioria das vezes é um conjunto desafinado, uma combinação de formas esquisitas. Família sempre vem com defeito.

Família é a distância necessária e a certeza de que, mesmo longe, vai continuar sendo sua família. Mãe longe, por exemplo, é mãe de qualquer jeito.

Família é um deve ser. Deve ser união, deve ser partilha, deve ser saudade. Deve ser conforto e, ao mesmo tempo, liberdade. Estar perto e saber manter distância. Família deve ser tanta coisa. Pode ser tanta coisa. Tanta coisa numa coisa só. E é. Ás vezes não parece. Mas é.

Família é foda.




quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Cães

Eles expressam a sinceridade e resumem, perfeitamente, a fidelidade.
Eles incentivam o carinho e a paciência. 

Eles estão por toda parte. Te ensinam a ter calma na alma e no olhar. Te ensinam como pedir amor com jeitinho e como, apesar do frio, manter o coração aquecido.


Centro Cívico, Bariloche, julho.2013, 5ºC. | acervo pessoal



São Paulo, julho.2013, 11ºC. | acervo pessoal



Cerro Otto, Bariloche, julho.2013, 3ºC. | acervo pessoal



Os olhos são a janela para a alma.


domingo, 11 de agosto de 2013

Cabeça nas neves


Férias de julho, férias de blog. 
Para reaquecer os motores, registro minha semana fora do país, em família, e a delícia de viajar.




Estive na pequena Bariloche (Argentina), cidadezinha turística, que já viu dias melhores. 
Fiquei marcada pela excitação das crianças desde o primeiro voo da ida (foram dois) até o último da volta. 
Além disso, me marcaram os carros antigos - alguns até demais - que circulam pela cidade; a neve no topo das montanhas; a prática do snowboard e as dores no corpo decorrentes das quedas; o filé a milanesa; o chocolate quente; e a satisfação de minha mãe.

Os preços das coisas e o fato de ter que pagar até para respirar me deixaram um pouco incomodada, mas por aqui não é muito diferente... A ponta do nariz sempre congelada também não agradava muito, assim como o sol que não me ajudou a escurecer meio tom da minha pele.

Sete dias é um tempo bom. Não congelamos e aproveitamos tudo o que a cidade tem para oferecer: lojinhas  e mais lojinhas, canudos de doce de leite e, claro, neve.

Se for até Bariloche, aproveite: os chocolates, sorvetes e tudo o que estiver relacionado ao doce de leite argentino; os vinhos; o Cerro Catedral (bem legal para todas as idades!); o Cerro Otto e sua confeitaria giratória (linda e bem gostosa! Com um preço justo!); a Av. Mitre; as feirinhas de artesanato; as famílias de cachorrinhos São Bernardo; o Lago Nahuel Huapi e seu mirante; os cassinos; a paisagem. 

Não recomendo a viagem para crianças menores de uns 7/8 anos, ela exige paciência. Por outro lado, super recomendo Bariloche para casais de todas as idades, principalmente os apaixonados, não necessariamente para lua de mel.

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Foi assim, passando frio e encantada pelo lago Nahuel Huapi e pela neve no topo das montanhas, que eu me dei conta de quantas vezes consigo me entender e me aceitar; do quanto, quase sempre, me dou bem comigo mesma e da vontade, cada vez maior, de evoluir tanto fisicamente quanto mentalmente.

Não há necessidade de gastar dinheiro ou pegar um avião para que toda pessoa do mundo busque melhoras, evolução.
Nosso dia a dia bagunçado torna mais complicada a convivência com os outros e a compreensão de nós mesmos, de quem somos, do que queremos, e pelo que lutamos. 

Mas nada melhor do que ter foco, calma na alma, coração aberto e mente sã.

Tentar.
Sempre.

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(Leitura de julho: Antonio Callado, Esqueleto na Lagoa Verde. / Relato jornalístico, cheio de detalhes. / Indico para estudantes de jornalismo.)