domingo, 29 de setembro de 2013

Quero mais, quero a paz

"Calma, tudo está em calma. 
Deixe que o beijo dure, deixe que o tempo cure. 
Deixe que a alma tenha a mesma idade que a idade do céu."

Mil coisas anotadas em post-its, em notas no celular, na palma da mão e até na nota fiscal da farmácia que estava jogada na bolsa... Momentos para registrar, sensações para relembrar... Mas não quero escrever sobre nada disso agora... Me parece até que algumas dessas coisas são tão boas que está difícil encontrar sinônimos descentes e colocá-las no papel.

Só tem uma coisa sobre a qual eu quero escrever hoje; na qual eu quero pensar... Uma coisa que eu quero ter: calma. Mas não aquela calma que te faz respirar fundo e contar até cinquenta. 

Calma na alma.

Aquela calma que é sábia, que te permite esperar a chegada dos momentos sem precisar procurá-los desesperadamente como se fossem tesouros enterrados.

Aquela calma que te faz aceitar, com os braços abertos e com o maior sorriso do mundo, tudo o que você tem nesse exato momento (aqui e agora); que não te faz pedir por mais, mas que insiste para que você eternize o presente.

Só tem essa calma quem quer. E ela não chega de uma hora pra outra; está sempre surpreendendo e se aperfeiçoando. 

É ela que te faz amar quem você é e o que está ao seu redor. É ela que te faz ter a certeza de que você gosta mesmo de quem consegue tirar de você o melhor que você consegue ser e que te faz ter a certeza de que você só tem, contigo, quem te enxerga de verdade.

É uma calma que traz paz.

Esperto é aquele que consegue descartar momentos ruins, superá-los e, por eles, tornar-se melhor do que antes. Esperto é quem, tornando-se melhor, fortalece essa calma, fortalece a alma.









domingo, 22 de setembro de 2013

Esperança Documentada

Por Giulia Simcsik, Amanda dos Anjos e Vanessa Ramos.

Não existe sensação melhor do que deitar a cabeça no travesseiro e agradecer, mesmo sem saber bem para quem, por determinadas pessoas que passam pela sua vida e que, quando passam, deixam no ar o cheirinho da vitória, da felicidade e da garra ... Deixam história.

A noite deste sábado valeu mais do que qualquer balada. 
Não foi passada sob um céu estrelado ou numa sala de cinema. 
Não foi bagunça, não foi curtição e também não foi romance.
A noite deste sábado foi uma somatória de horas que passaram sem que eu percebesse; que adicionaram um pouquinho mais ao meu caráter e que, sem sombra de dúvidas, me ajudaram a ver a vida de um modo melhor.

Na noite deste sábado, uma quantidade imensurável de vida e de luz invadiu a sala de estar de um apartamento. E eu estava lá pra ver! Inquieta, pra cima e pra baixo, vi um sorriso que faz qualquer um querer ser alguém melhor, ouvi uma história que faz qualquer um querer amar, conheci uma alma que faz qualquer um querer viver ... Essa soma de vida e de luz é composição essencial de uma menina, de uma mulher, uma mulher linda. Essa soma, antes de ser soma, foi muita subtração e divisão. Essa soma é resultado de uma batalha. E parte dessa batalha foi, na noite deste sábado, colocada em vídeo.

Sessenta e dois minutos depoimento, que virão a tornar-se vinte. Pouco tempo pra tanta história, mas tempo o suficiente para abrir muitos olhos.

A guerreira? Paula Duprat, atualmente com 18 anos, iniciou sua luta contra a leucemia aos 13. O resto da história? Só quando estiver tudo pronto. 
Muita gratidão ainda vai deitar no travesseiro comigo quando eu assistir novamente à gravação para editá-la, adicionando todos os outros detalhezinhos que ajudarão a retratar uma história incrível de esperança e de força de vontade. 

Nada me parece bom o suficiente para demonstrar a sensação de estar na presença de uma pessoa como a Paula, mas a tentativa de agradecê-la por contar sua história me parece válida. 

Parabéns por saber sorrir nos momentos mais difíceis, por ser mil vezes mais macho do que muito homem.
Parabéns por passar por cima de pedras tão grandes como se elas fossem pequenos grãozinhos de areia que, em após ultrapassar, você soprou pra bem longe.

Eu não consigo deixar de agradecer aos seus pais e à sua família por terem te criado dessa maneira. Não consigo deixar de agradecer ao Colégio São Luís e aos seus amigos (também aos 'amigos de hospital') pelo suporte, pela oportunidade que eles te deram de continuar lutando, pela possibilidade de se manter de pé, literalmente. Fica expressa minha admiração por todos aqueles que foram seus braços, suas pernas, seus cabelos e seu sorriso ao longo dessa batalha. 

E fica registrada, com todas as letras em destaque, minha admiração por você. Por tudo isso que você é. Não só por ter passado pelo que você passou, mas por ter passado por tudo isso com a cabeça erguida, com esse sorriso lindo no rosto, de peito aberto para receber todo o carinho que muita gente estava e está disposta a te oferecer. 

Fica registrado meu respeito e minha gratidão pela oportunidade que você me deu te ouvir uma história como essa.

Te peço encarecidamente, para que você não se esqueça da sua garra, da sua confiança, do seu otimismo. Nunca, independente do que aconteça, se esqueça do quanto é fundamental para você e para os outros te ver sorrir, te ouvir dizer sim, sempre. 

Não se esqueça que você tem fé na vida.



quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Tarefa do Leitor

Ler é beber e comer. O espírito que não lê emagrece como o corpo que não come. 

| Victor Hugo |

Ontem mesmo fiz algum comentário sobre a delícia de se aproveitar matérias da faculdade que não fazem tanto sentido e, mais ainda, aproveitar o material apresentados ao longo da aplicação dessas matérias. 

E não é que fui, atrasada, ler um texto para filosofia e me encantei mais ainda (como se fosse possível) com o ato de ler, com o fato de ser uma leitora?

Como todo texto de filosofia, esse é mais um com muitos parágrafos desnecessários e intermináveis, mas, entre um bocejo e outro, encontrei coisa muito legal. O texto fala dos leitores e lhes atribui a tarefa de compreender os textos lidos. Talvez tenha encontrado citações interessantes por me ver descrita em muitas delas ... Explico.

Para o autor, um leitor 'abandona o caleidoscópio para seguir um único desenho, uma única linha que corre sob seus olhos, mas, que nós, mesmo perto deles, não vemos.' E não é que é verdade?

Para ele, também, leitura é, ao mesmo tempo, trabalho e lazer e a alternância entre os dois faz com que leitura seja procura. Eu, quando leio, procuro tanta coisa. O que você procura? Apenas uma distração? Resposta para algum problema? Cultura? 

Eu, quando leio, faço do meu mundo uma história; adéquo os lugares onde estou aos lugares narrados e chego até a sonhar com o 'livro da vez'. Eu, quando leio e sonho, consigo ser ladrão, ser pirata, ser princesa. Consigo ser mulher de fibra e mendigo de rua. Consigo chorar sem precisar secar as lágrimas, consigo amar sem precisar de ponto final.

Leia.




terça-feira, 17 de setembro de 2013

Jogo perdido


Dia mais frio, nuvens mais pesadas. E parece que só chove no meu céu
...

Devo estar entre uma porcentagem muito pequena de pessoas que são incapazes de transformar o coração de alguém num playground ou num jogo de tabuleiro. 

Devo estar, também, entre outra porcentagem, menor ainda, de pessoas que não conseguem colocar o orgulho em primeiro lugar. Até por que, existem sentimentos muito melhores.

No coração, hoje, existem cartas de sorte ou revés e dois peões. Eu sou o peão preto (sempre gostei de ser o preto) e o outro peão pertence ao meu oponente.

O jogo está em andamento. Dados rolando. Oponente otimista. Ele sabe jogar, quer jogar.

Pode ser que ele esteja na outra porcentagem de pessoas, na porcentagem daqueles que fazem da vida um jogo. E do jogo um orgulho.

O jogo está em andamento, mas eu já perdi.
Ganhar seria sorte de principiante.

Meu peão já era... 
Joguei os dados e eles somaram treze.







sábado, 14 de setembro de 2013

Aí...

Dedicação. Um filme ou qualquer outra coisa na TV, um livro, uma corridinha de manhã e até mesmo algumas aulas da faculdade que você acha inúteis... Dias mais quietos e segredos mais reservados... Fruta ao invés de chocolate, água ao invés de refrigerante... Por alguém.

Opções. Rock ao invés de samba, filme no sofá ao invés de cinema , futebol ao invés de novela e miojo ao invés de restaurante japonês. Com alguém.

Existem momentos que a dedicação e as opções parecem não significar nada. 

Aí, tudo o que é sobra é você mesma; sua consciência limpa e a certeza de que você pode continuar se dedicando e realizando opções e de que, se algo estivesse errado com você, você seria a primeira a notar e tentar concertar.

Aí, tudo o que você faz é pensar duas vezes. Só cabe à você decidir se você ainda quer se agarrar à felicidade gerada por toda sua dedicação e à satisfação consequente da realização de opções. Por alguém. Com alguém.

Aí, é só você. Só por você. Só com você.

E aí? Você é teimosa. Só pensa duas vezes quando é necessário.
Você é teimosa. Mira no certo, no bom. Só você com você. Por alguém. Por alguma razão.

 ❥

Então eu olho em sua direção e você não presta atenção em mim. Presta?

Eu sei que você não me escuta, por que você disse que vê através de mim. Não diz? 

Mas de agora em diante, do momento que eu acordo até o momento que eu durmo, estarei lá ao seu lado. Apenas tente me parar. Eu estarei esperando na fila, só para ver se você consegue. 

Você queria que eu mudasse? Pois é, eu mudei para melhor.

E eu queria que você soubesse que você sempre vai conseguir do seu jeito. 

Você não se arrepia?



Shiver | Coldplay

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Vou. Vôo.

Young Guns, Bones


É... Adoraria não sentir saudades, não me preocupar, não dar atenção. Adoraria.

Mas, como todo ser humano, sinto saudades (sim!), me preocupo (às vezes mais do que necessário) e gasto minha atenção com as coisas que julgo importantes. Apesar da minha incrível habilidade em sentir saudades, me preocupar e estar atenta, tenho feito justiça ao meu amadurecimento em todos os quesitos de minha vida e, mesmo sabendo que saudades, preocupação e atenção são, muitas vezes necessários, tenho deixado prevalecer sobre essas inquietações os sentimentos que considero bons. Melhor! Tenho conseguido entender minhas inquietações e resolvê-las. Ou, ao menos, fazer com que elas deixem de incomodar.

Quer um conselho? Se você consegue enxergar um amadurecimento, faça justiça à ele. Aproveite as portes que se abrem quando outras se fecham e, não apenas passe por elas, mas usufrua tudo o que elas podem oferecer.

Não.

Não vou deixar de sentir saudades, não vou deixar de dar atenção e, muito menos, vou deixar de me preocupar, mesmo com coisas supérfluas - acontece né? - Mas vou, sem dúvida, cada vez mais, administrar minha saudade e deixar para matá-la no momento certo; adequar minha atenção; aplicar foco às minhas preocupações. Vou entender que algumas coisas acabam quando chegam ao fim e que o fim é sempre um ótimo motivo para recomeçar, mudar e evoluir, mas não precisa ser, necessariamente, um término. Vou aceitar que as coisas seguem seu fluxo natural e que um dia começa quando outro termina. Vou aceitar que coisas boas acontecem com quem merece.

Ah, eu vou. Só vou. E assim, eu vôo.


--

Alheias e nossas as palavras voam. 
Bando de borboletas multicores, as palavras voam 
Bando azul de andorinhas, bando de gaivotas brancas, 
as palavras voam. 
Viam as palavras como águias imensas. 
Como escuros morcegos como negros abutres, as palavras voam.
Oh! alto e baixo em círculos e retas acima de nós, em redor de nós as 
palavras voam. 
E às vezes pousam.

Cecília Meireles, O Vôo

domingo, 8 de setembro de 2013

O isso

É isso!
E eu sei que é!
É isso! E ponto.

Como eu sei que é isso?

Eu sei que é isso por que quando entro na minha rua, um pouquinho antes de chegar ao prédio onde moro, tenho que passar por um semáforo. E toda vez que passo por esse semáforo, principalmente quando fico parada o esperando abrir, meu coração aperta e o bico aparece sem querer.

Eu sei que é isso por que já chego em casa querendo voltar; por que trocaria facilmente a primeira aula de amanhã por um café na bandeja; por que nunca consigo deixar o último tchau do dia ser, realmente, o último.

Eu sei que é isso por que o isso não chama a atenção, não se expõe.

O isso, o isso mesmo, é construído com o tempo, com pequenos gestos e palavras específicas.

Eu sei que é isso por que o isso deixa de ser isso e vai ganhando apelidos carinhosos; por que o isso arranca sorrisos (vários) e dá calma na alma; por que o isso muda e quando ele é isso mesmo, só muda pra melhor.

Eu sei que é isso por que o isso a gente sente.
Por que, quando é isso mesmo, dá pra ver até Vênus no céu.

Eu sei que é o meu isso. Talvez você ainda não saiba sobre o seu. Também sei que o isso pode ser, na verdade, aquilo ou aquele outro, mas estou feliz, afinal, por enquanto é isso.

sábado, 7 de setembro de 2013

07 de Setembro

Você não é daqueles que pega a máscara e vai pra rua? Também não é daqueles que acorda bem cedo para assistir ao desfile na avenida principal da sua cidade?

E o sete de setembro pra você, o que é?

É um destaque para o verde e para o amarelo ou uma cantarolada do Hino Nacional Brasileiro. É Independência ou morte. E pode até ser uma lista de músicas populares, ouvidas com atenção ao seus ritmos contagiantes e às suas letras muitas vezes interessantíssimas.

E pode até ser uma data que te ajude à relembrar o amor que você sente ao seu país, mesmo com todos os defeitos que ele tem. E deve ser uma data - como todas as outras do ano - na qual você se lembre de prezar a justiça e o bem estar das pessoas; na qual você se lembre de admirar e praticar o bem e na qual você despreze, com todas as suas forças, a violência e desigualdade.

Deve ser uma data - como todas as outras do ano - na qual você se lembre de fazer sua parte.



Chico Buarque, Roda Viva