terça-feira, 25 de março de 2014

Espelho, espelho meu

Espelho, espelho meu. Existe alguém mais bela do que eu?

E se não existissem espelhos? Como seria o mundo se pudéssemos ver nossa beleza refletida nos outros, e só?

Ser belo vai além de sair bem em uma foto ou aparecer bem em um reflexo. A beleza está no espírito. Somos quase 7 bilhões de espíritos, portanto, o mundo é formado por 7 bilhões de belezas diferentes e se não houvessem espelhos, talvez conseguíssemos apenas ver o belo refletido nos outros e nos esforçássemos mais para sermos bonitos.

Talvez a madrasta da Branca de Neve, se não tivesse um espelho como seu melhor amigo, conseguisse  prestar mais atenção em seu espírito e não fosse tão má. Isso por que, naqueles tempos, não existiam os smartphones com câmeras e as redes sociais alimentadas com fotos. 

Você consegue imaginar como seria um “selfie” da madastra?

Espírito, espírito meu. Existe alguém mais bela do que eu?

Existem 7 bilhões de belezas diferentes, algumas expostas, outras ainda escondidas. Cada espírito é belo por natureza, mas como podemos descobrir seus encantos se a aparência domina a essência?

Se o espelho da madrasta da Branca de Neve não fosse tão bocudo, ela nunca se acharia tão bela e, quem sabe, talvez um dia, se tornasse mais humilde e procurasse fazer o bem. Se esse espelho não falasse tanto, quem sabe a madrasta se tornasse uma “boadrasta” e eliminasse a ideia de uma maça envenenada para expressar sua inveja em relação à beleza da princesinha.

Quantas maçãs envenenadas você não dá para alguém, diariamente, ao sentir inveja? Junte todas e faça uma torta!

Esqueçamos a prevalência do que é admirado por seu exterior. Passemos a adorar tudo aquilo que é bonito por natureza, todos aqueles que se esforçam para conquistar a paz de espírito e, com isso, tornam-se apolíneos, venustos ou, se preferir, belos.

Não é o príncipe encantado que deve vir montado em um cavalo branco. É a combinação entre espírito e coração que precisa chegar cavalgando, em máxima velocidade, como se não houvesse amanhã.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Special

Já faz um tempo, eu estava distante do ideal. Essa maré, essa distância, me levavam pra longe da intensidade do significado de pequenas coisas, mais especificamente, de pequenas palavras..

Já faz um tempo, eu não sabia mais o quanto era importante ser especial e precisei me esforçar muito pra desvendar, entre cores e traços, a intensidade desse adjetivo, inclusive talvez, por que o "especial" estivesse propositalmente escondido entre tons de vermelho, azul e amarelo.

Tal esforço, aplicado não só durante a descoberta do "especial", como também antes e depois dela, trouxe consigo uma tentativa de abnegação; a crença de que a solução do meu distanciamento com o ideal, exatamente por causa da concepção de um ideal até então mal sucedida, seria solucionada através da famosa "lei do desapego" e as seis letras que, unidas, formavam a palavra "especial" em inglês, artisticamente colocadas em um papel, foram parar numa prateleira do armário, junto com suas cores fortes.

Hoje, pela primeira vez, o "especial", ou melhor, "special", foi tirado do armário. E, pela primeira vez, a palavra não me pareceu nem um pouco escondida; tampouco sua intensidade e/ou sua importância.

Tudo pareceu perfeitamente no lugar. Claro. Nítido.

Hoje e há um pouco menos tempo, ser especial tem me aproximado do ideal. Minha maré passou a seguir o rumo certo e tornou aquele ideal, que me afastava do ideal, concebível. Abrir o armário e tirar de dentro dele o A3 colorido, me fez entender que ser especial só é claro e intenso quando queremos que seja. Essa nitidez vem do coração: é a pureza de um sentimento, que faz os olhos enxergarem com transparência; é a pureza e a sinceridade de um sentimento que direcionam os pensamentos para um único lugar quando, por exemplo, seis letrinhas são voltam à sua rotina no dia certo, com o carinho certo.