terça-feira, 30 de abril de 2013

Aldeia Indígena Tenondé Porã


Distrito rural, localizado no extremo sul (e que extremo!) de São Paulo. Partindo da Avenida Paulista, aproximadamente 2 horas até lá.
Eis Parelheiros. 

Surpreenda-se ao saber que o distrito tem terminal de ônibus metropolitano e aproximadamente 147 mil habitantes.
Pois bem: hoje fui até Parelheiros. Passei por uma marginal, por inúmeras árvores e até por uma represa. Cheguei até a ver suas canoas de aluguel e um possível afogamento, atendido com maestria por duas viaturas do Corpo de Bombeiros. Cheguei. Constatei que, pra lá do centro de Parelheiros, mas ainda na Grande São Paulo, a vida continua a existir... Só que de um jeito um pouquinho diferente. Pra lá da bolhinha em que nós vivemos, fica a Aldeia Indígena Tenondé Porã, onde passei algumas horas da manhã de hoje.

Várias casas, muito semelhantes umas das outras, feitas de barro e com o chão de terra batida, distribuídas num terreno enorme e cheio de árvores, são  acompanhadas por três construções especiais e diferenciadas das outras, um investimento do Governo de São Paulo: escola, creche e unidade básica de saúde. Além de uma mais especial ainda, apesar de ser a mais tradicional, a casa de reza dos indígenas.

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Na chegada à UBS, a médica é recebida pelos cachorros - que deveriam ser brancos, mas são marrons - com toda a alegria do mundo e já sabe que inalações, consultas e curativos a aguardam. 

Na escola, crianças de todas as idades, com os narizes escorrendo, as calças curtas e os pés no chão, sentam nas carteiras para aprender português, sem se esquecer do tupi guarani. Entre eles, a comunicação é só em Guarani.

Moças surpreendentemente bonitas e descoladas e muitos moços estudam ciências, biologia, física, matemática e chegam até a usar seus aparelhos celulares (iguais aos nossos!) para fazer os calculos. Nem todos os professores são indígenas e moram na tribo. Mas a direção da escola é, indubitavelmente, nativa.

Na casa de reza, o que aguarda os indígenas nem se compara à algum professor ou paciente. É uma energia sobrenatural. O Pajé, que não costuma ficar desfilando sua soberania pela Aldeia, aparece por lá para narrar seus sonhos que, segundo os aldeões, antecipam a realidade. As crianças dançam e cantam. Os mais velhos fazem palestras de sabedoria. 
Na casa de reza dos Tenondé Porã, dois violões estão pendurados na parede e uma fogueira sem chamas, próxima à parede que fica do lado contrário. Existe, também, um altar com um tamanho e uma beleza não consideráveis.
Na casa de reza dos Tenondé Porã, o cheiro é forte. Tão forte quanto a energia. De cinzas que queimaram, misturadas ao chão de terra batida.

Os índios não andam nus e, ao questionar um deles sobre isso, obtive uma resposta em tom de extrema obviedade: ‘temos que andar vestidos, não é?’. O autor da resposta usava boné Tapout, camiseta do God Of War e tennis.
Por outro lado, fumam cachimbos que só existem na tribo, fabricam seus próprios instrumentos de trabalho e algumas coisinhas artesanais para vender. 
Eles são livres para sair da Aldeia, mas poucos o fazem.
As crianças têm, obviamente, seus pais e mães, mas convivem umas com as outras como se fossem todas irmãs. Até brigam como irmãs.

Por falta de tempo, não consegui matar diversas curiosidades; principalmente sobre higiene, hábitos e relacionamentos afetivos; mas fui embora satisfeita, ao saber que os Tenondé ainda fazem a dança da chuva e acreditam nela.

O motivo da divulgação que, apesar de simples e resumida, talvez valha a pena, é simples: favorecimento total e irrestrito àqueles que tentam escapar da realidade acomodada, fácil, seja indo até a esquina de casa ou até outro país. 

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Imagens podem dizer mais que mil palavras.

Arquivo Pessoal


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domingo, 21 de abril de 2013

Vamos mudar de assunto?

Apesar de saber o quanto é chato, não fujo da regra: muitas vezes incluo os mesmos acontecimentos e as mesmas pessoas em diversas pautas do meu dia. Por considerar isso um problema, combinei com algumas amigas de nos chamarmos atenção quando acontecer. Eu a delas. Elas a minha. Funciona.

Defendo, brevemente, a diversificação dos assuntos. Homens, falem menos sobre mulheres e partidas de futebol. Mulheres, falem menos sobre homens, sapatos e cores de esmalte.


Diversifiquemos e desfutilizemos nossas conversas, sempre que for possível.

Não defendo conversas monótonas, que incluam filósofos socráticos, bulas de remédio, palavras difíceis ou livros inteligentes. Além disso, não defendo (de maneira alguma!) deixarmos de falar sobre essas coisas "fúteis", que, por vezes, até geram conversas interessantes. 

Apenas defendo falarmos menos sobre isso; sabermos até que ponto é necessário abordarmos esses assuntos e com quais pessoas podemos debater outros tópicos.
Defendo a partilha de experiências e opiniões. Recentemente concluí que essa partilha é uma das melhores maneiras de se conhecer alguém além do superficial e de construir amizades.

Falemos mais sobre saber viver e ser feliz; discutamos sobre os supostos erros e acertos dos seres humanos; pautemos nossos objetivos presentes e futuros; critiquemos, com fervor, todas as coisas que acreditamos poder melhorar.

Não deixemos de falar, apenas falemos menos.

Vale o esforço de procurarmos assuntos mais abrangentes e inovadores.  Muitas vezes eles nos fazem refletir. Vale estar aberto para ouvir teses diferentes das nossas. Muitas vezes elas nos fazem crescer.

(Imagens: Norman Rochwell)

domingo, 14 de abril de 2013

A terapia deste domingo.


Quando eu acho que deixei de lado meu lado criança, por trabalhar até aos finais de semana, lembro que existem os filmes da Disney. Aqueles bem pensados, bem produzidos, extremamente bem musicados.
Quando eu ouso achar que eles são infantis, analiso as tantas outras faces que eles têm. Inteligentíssimos e intrigantes. Sei que eu, particularmente, ainda não os compreendo por inteiro. Delícia.
Vale relembrar com as trilhas sonoras apaixonantes, que sei de cor, de trás pra frente, em inglês e português. Prontos?

Rei Leão


Hércules


A Pequena Sereia


Toy Story


E, por que não, Mary Poppins ?


quinta-feira, 11 de abril de 2013

Beije-a.





Entre os pequenos prazeres da vida, me encanta aquele de lembrar outra pessoa através de coisas que, no dia a dia, passam desapercebido ; através de imagens fúteis, gestos comuns e ações banais.
A cada dia aprendo a amar a vida e a falar sobre o amor. Quando o pequeno prazer de rememorar alguém me aguça os sentidos e atiça a imaginação, sei que há amor. Amor de amigo, amor de irmão e (por que não?) também, talvez, amor no sentido literal da palavra; amor com paixão.

Palavras, frases, músicas, filmes, livros, jogos, caretas, modos, marcas, cores, datas, horários, números, toques (TOC's), gestos, cheiros, sabores, fatos revividos, imagens em nuvens, lugares, estações de metrô... A lista é longa. Sintam-se à vontade para acrescentar itens.

Se algum desses itens te remete a alguém, há amor. Toda e qualquer forma de amor.
Se todos eles te remetem a uma só pessoa, há a forma mais gostosa de amar. Há paixão.
Se essa pessoa é rememorada por você, dessa maneira, todos os dias, só lhe resta uma coisa a fazer: beije-a.


Rememorando: no lugar das palavras cruzadas, o texto.

domingo, 7 de abril de 2013

É dia do jornalista !


07 de abril. Dia do jornalista.

Não daquele “jornalista”, ou daquele jornalista(?).
Hoje é dia do verdadeiro jornalista.

Além de já ter lido muito sobre os verdadeiros jornalistas, como Samuel Wainer {Quer saber quem é?}, tenho alguns exemplos vivos deles. 
Costumo dizer que jornalista de verdade é aquele para quem, depois de um tempo na profissão, a notícia chega. Fato explicado pela dedicação; por ele ter corrido atrás de outras notícias e informações, ter feito contatos, conquistado fontes confiáveis, conhecido lugares nunca antes conhecidos e se ter se envolvido em histórias nunca antes narradas.
Aos poucos, para os verdadeiros jornalistas, vai ficando mais simples exercer a profissão. As coisas fluem com mais naturalidade.
Mais simples, nunca mais fácil !
Ser jornalista é sempre difícil. Não temos finais de semana e feriados, às vezes temos que deixar nossa suposta vida social para trás.
Ser jornalista de verdade é inúmeras vezes mais difícil: para ser de verdade, não podemos consumir apenas links da internet e não podemos ficar pendurados do outro lado da linha telefônica.. Nunca, de modo algum, podemos ignorar uma realidade só por ela não corresponder à nossa.. E por aí vai..

Portando, parabéns aos jornalistas de verdade, das gerações passadas e da minha geração (pois é, eles ainda existem..). Parabéns pela vontade de relatar a notícia, por respeitar a importância social de sua profissão, por abrir seus próprios olhos para fazer o que é certo e, desse modo, abrir os olhos de milhões de pessoas.

* Não me esqueci, enquanto escrevia, dos fatores externos, dos monopólios, da manipulação. Mas preferi ignorá-los neste dia festivo. Talvez eles não deixem um verdadeiro jornalista completar, com total êxito, a missão de transmitir a realidade real. Defendo que o mais importante seja lutar até o fim, dar seu máximo, defender seu princípios. E, cá entre nós, que jornalista de verdade já não faz isso?


Samuel Wainer. O jornalismo era sua razão de viver.
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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Te vi !


Talvez a felicidade seja um quebra-cabeça de nível difícil, feito por muitas peças. E talvez muitas dessas peças sejam bem semelhantes, para que fique mais difícil ainda uni-las. Talvez também, apesar da dificuldade, o resultado ao concluir o jogo seja lindo e gratificante, como um dia nós sonhamos. Se a felicidade for, realmente, esse conjunto de peças, acredito que tenha encontrado uma das minhas, essa noite, perdida por aí. 

Vale lembrar que as peças podem ser simples e podem parecer pequenas, talvez inúteis, para os que as veem de fora, mas podem ser essenciais aos construtores do jogo. 

Sai mais cedo do trabalho por não ter me sentido muito bem, mas uma amiga muito querida quis me fazer companhia na volta e acabamos jantando fora. Estava no caminho para casa, distraída, tentando contatar minha avó pelo celular, como se nada fora dos meus planos estivesse para acontecer. Mas acabei tirando alguns segundos, contra a minha vontade, quando, ao levantar a cabeça, encontrei uma pecinha da felicidade. (E que felicidade!) Acabei tirando alguns segundos para me esquecer de quem eu era e onde estava, para me sentir emocionada e triste, ao mesmo tempo. Alguns segundos para sentir saudade sem, se quer, precisar ver partir minha pecinha, apressada.

É muito legal a possibilidade de a peça fazer parte do meu quebra-cabeça, de se encaixar nele perfeitamente, sem que eu tenha pressa de completá-lo. Por outro lado, é uma pena ter que trabalhar apenas com possibilidades.





quinta-feira, 4 de abril de 2013

Backspace


Declaro irritação àquela barrinha que pisca, impacientemente, até iniciarmos ou darmos continuação ao que estamos escrevendo. 

A maldita barrinha está presente na página em branco do Word; na notificação de status do Facebook ou do Twitter e nas caixinhas de mensagens, algumas das quais eu abro e fecho logo em seguida, consequentemente deixando de exercer a ação tão esperada pela barrinha (escrever).

Minha irritação não ocorre pela dança ansiosa da barrinha, até por que essa é a função dela. 
Por que então?
Respondo: em primeiro lugar, não gosto do fato de olharmos mais para essa porcaria do que para os olhos das pessoas, ou seja, nos comunicamos mais através de janelinhas e páginas de documentos, do que pessoalmente. Em segundo lugar, não gosto de saber que a barrinha pode fazer o sentido inverso (<) e apagar o que eu já escrevi. Não nego que muitas vezes essa ação é necessária. Mas não seria legal se pudéssemos digitar e divulgar o que realmente pensamos? Sem medir as palavras com tanta precisão? Obviamente precisamos raciocinar antes de falar, mas já não fazemos isso quando abrimos nossas bocas, pelo menos os mais civilizados de nós?

Talvez também esteja irritada com a barrinha por que ela vem sendo minha maior companhia ultimamente. Ela está no trabalho, está em casa, está no celular. E quando eu não quero que ela me deixe apagar o que eu escrevi, acabo sendo vencida pelo cansaço. A barrinha entra em ação, para o bem e para o mal. Ela me incita a escrever tudo o que penso e a continuar escrevendo – até por que ela não pára de piscar e piscar – em seguida, me permite apagar tudo o que escrevi, me faz acreditar que ficar em silêncio não é problema, por mais que eu queira muito falar. E eu quero.

Ponto pra barrinha !



segunda-feira, 1 de abril de 2013

Influências.



Existem diversas maneiras de influenciarmos e sermos influenciados.
Gosto das influências boas.
Gosto mais ainda das influências boas e sinceras. Com elas, acredito que o influenciado pode crescer e aprender. Com elas, acredito que eu cresça e aprenda. 

Às vezes pretendo ser uma influência boa e sincera. Outras vezes, sem saber, acabo sendo. Fico honrada por isso. E, simultaneamente, sou extremamente feliz por ter a convicção de que pessoas especiais me influenciam da mesma maneira. Não me envergonho de dizer que uso essas influências para aperfeiçoar meu comportamento e melhorar minha rotina.

As influências sinceras e simples (pequenos e imensos gestos, sabem?) são as que ficam guardadas naquela portinha especial do coração. Uma dica para um texto, uma conversa inteligente, partilha de opiniões e pontos de vista... Uma música, sugerida, que fica gravada como “sendo daquela pessoa”, um livro ou um filme...

Essas influências são fundamentais na constituição de quem eu sou. Não me faltam opiniões já formadas (pode apostar que não) e eu também não sou facilmente influenciada. Apenas sei que são coisas boas e construtivas, que, intencionalmente ou não, deixam uma marquinha na cabeça e no coração. Uma marquinha que vai te relembrar o influenciador toda vez que você rever o filme, reler o livro, ouvir a música e relembrar a troca de experiências. Por aí vai.. 

Se a maioria das lembranças boas de nossas vidas estiverem relacionadas a essas influências, então acredito que recordar seja, sim, viver.

{Antes de dormir, faça uma lista das palavras que te lembram as influências boas já recebidas de pessoas especiais..}