quinta-feira, 28 de março de 2013

Olhar e ver.

Acho incrível o que os olhinhos atentos de uma criança têm para nos dizer...
Hoje peguei o metrô na Sé, lotado como todo serviço público paulistano em véspera de feriado, e, no meio da multidão, vi uma família, daquelas que raramente vemos hoje em dia, formada por um marido e sua mulher, acompanhados por seus dois filhos:uma menina lindinha e um menino travesso, mais novo que a menina.
Antes de entrarmos no vagão notei que o pequeno comemorava a chegada do metrô e me dei conta que também deveria estar feliz pela nave espacial gigante vindo em minha direção, afinal, é ela que me leva ao trabalho todos os dias...
Embarcamos e nos acomodamos como deu.
O menino sentou no colo da mãe, num daqueles bancos identificado com cor diferente, e seus olhinhos não conseguiam estacionar em um ponto fixo.
Curioso.
O apitou fez as portas se fecharem e o pequeno anunciou: andôôôu ! Minutos depois estávamos na estação seguinte e o freio do metrô fez o pequeno perceber: parôôôu...

Todos nós notamos o movimento do subway, mas quantos de nós, amassados na multidão, percebemos que ele anda de uma estação à outra, pára, respira, e segue seu rumo ?

Muitos reclamamos pela falta de linhas, pelo atraso, pelos milhões de pessoas ao nosso redor. Mas quantos de nós caem em si e notam que, se não fosse isso, demoraríamos mais para chegar ao destino?

Será que nos lembramos de comemorar por termos realizados as pequenas conquistas do dia a dia, assim como o pequeno comemorou por ter chego à estação que desejava?

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O exemplo poderia ser melhor, mas aquele tiquinho de gente me fez querer, hoje, que meus olhos fossem inocentes novamente. Me fez lembrar de comemorar bobagens e dividir pequenas alegrias. De que 'tudo vale a pena se a alma não é pequena'.

Curioso, não?

sábado, 23 de março de 2013

Covardia Sentimental



"E por mais que lidemos com esse sentimento como se fosse um paletó dois números acima do nosso, apenas ele e tão somente ele, o amor, nos faz humanos". (Gabriel García Márquez)


Por um motivo que não vem ao caso, demorei para pegar no sono e minha estranha mania de me apegar a uma palavra e ao seu forte significado colaborou com a insônia. 

Covardia. Esse foi o termo da vez. 

Não sou apta para julgar aqueles que recuam ante perigo, mesmo por que,  às vezes a melhor opção é recuar. Logo, não pretendo abordar a covardia em seu sentido amplo. 
Nesta tarde nublada de sábado, quero comentar do modo mais leve possível, o que defino como ‘covardia sentimental’. Um tanto intensa, não entendo como alguém foge dos verdadeiros sentimentos, como alguém evita viver um grande amor por medo ou por mera acomodação .. Tento entender, mas, mesmo com muito esforço, a compreensão nunca é total. Encontro um motivo aqui, outro ali, e sempre me pego pensando: puta que pariu, que covardia ! 

Pode ser que a coragem para lidar com sentimentos bonitos e profundos te deixe de cara no chão, mas também pode ser que ela te faça viver os momentos mais felizes de sua vida. Ninguém pode lhe dizer o que vai acontecer. E você só vai saber se tentar. 

Não me esforço para ser corajosa a ponto de reagir a um assalto, matar uma barata ou alimentar um leão faminto, porém, em relação aos sentimentos,  mais especificamente ao amor, travo uma batalha diária contra a covardia.
Prefiro chorar pelo leite derramado e ter saboreado, ao menos, um gole, do que nem colocá-lo na caneca, com medo das consequências. 
Realmente: pode ser que eu chore. Mas quem garante que eu não vá sorrir?

Um brinde à coragem para viver e sentir ! Um brinde ao esforço diário para não ser mais um integrante do grupo dos covardes sentimentais.

Tim Tim !






quinta-feira, 21 de março de 2013

Minha inspiração já dormiu.

O nome desta página já deixa claras as minhas intenções e evidencia meu ardente desejo de falar sobre as coisas mais lindas do universo. Faço questão de enfatizar que as palavras não são vãs e que os sentimentos são, no mínimo, sinceros. Só sei escrever sobre aquilo que consigo sentir. Ainda não aprendi a ser opaca. E, pra falar a verdade (novamente) não pretendo me diplomar nesse aspecto sem graça que domina a aura de muitos seres humanos. Continuo prezando pelo máximo possível de transparência.

Apesar de rachar a cuca procurando um assunto para abordar, não encontro nada que me dê entusiasmo e tampouco aos leitores. Nestes últimos dias tenho optado por ler e ouvir. Portanto, nada a declarar..
- Como abordar a beleza, de verdade, em dias que, para mim, além de cinzentos e chuvosos, não passaram de 'normais' (salvo uma coisinha aqui, outra ali..) ?
- Como falar de liberdade se me sinto presa a coisas que não podem me sustentar e, mesmo me esforçando, não consigo soltá-las ?

Melhor não falar nada. Ou quase nada.

Felizmente, a verdade e o amor permanecem comigo, firmes e fortes. Mas para falar sobre elas é preciso inspiração. A minha já foi dormir.

Cansou.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Cuide, Cultive, Queira Bem.

Se eu aprendi algo nas intermináveis aulas de física do ensino médio foram as leis de Newton. A terceira, ou Princípio da Ação e Reação, afirma que, se um corpo aplica determinada força sobre outro corpo, recebe uma força da mesma intensidade e da mesma direção, só que no sentido contrário. Ilustro:


Um dos princípios físicos mais úteis, se não o mais, por ser facilmente aplicado no cotidiano. Não apenas materialmente. 
   
Pensemos: se aplicamos amor, carinho e cuidado à alguém, naturalmente tudo volta para nós, com a mesma intensidade, ou com maior intensidade. O que temos para oferecer se direciona para outro corpo e vice-versa, afinal, como já diria São Paulo na carta aos Coríntios, o amor não é invejoso, não é arrogante (...) não busca seus próprios interesses.

Acredito que o raciocínio Newtoniano seja válido para pensamentos e atitudes, além de se aplicar em suas decorrentes energias: pensamentos e atitudes negativas atraem energias negativas. Energias positivas chegarão quando mente e coração estiverem repletos de coisas boas. Obviamente todos temos problemas, mas até os piores deles podem ser enfrentados quando há positividade. Faço questão de insistir: pense positivo. Veja, sempre, o copo meio cheio e nunca meio vazio.




Algumas vezes me sinto ingrata por reclamar da vida sem olhar ao meu redor. Sou cercada de boas intenções e de amigos com nobres corações, desse modo, ação e reação, voltam a bater em minha porta: esses amigos, de nobres corações, são pessoas positivas, me trazem energias positivas, me fazem muito feliz e grata. Por consequência, as energias positivas me fazem atrair e querer por perto apenas pessoas positivas, apenas aqueles com o coração nobre. Além disso, me fazem agir e pensar positivamente. O ciclo sem fim. *A repetição de palavras é proposital.

Levantando a cabeça, olhando ao redor e superando os "abacaxis" diários, lembro-me de ser apaixonada pela vida e por tudo o que tenho. Lembro-me de cuidar, cultivar e querer bem. O resto vem. (Caio Fernando Abreu)

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Parabéns à toda equipe do SBT pela estreia  do novo cenário do SBT Brasil e de todos os seus adendos, maravilhosamente trabalhados. Profissionais extremamente competentes e dedicados para fazer essa engrenagem gigante funcionar. Fazer parte disso é sensacional para uma apaixonada pelo jornalismo. 

quinta-feira, 14 de março de 2013

Problemas ?

Vale a divulgação. E a reflexão. 
"Problemas do Primeiro Mundo. Não são problemas."





Haitianos reproduzindo reclamações realizadas pelo twitter, com a #FirstWorldProblems.


quarta-feira, 13 de março de 2013

Pra mim, hoje o Papa foi Pop

Minhas singelas boas vidas a Francisco I. Que ele suporte alguns anos de papado para que nós, jornalistas, não tenhamos que ficar horas e horas olhando, via televisão, para uma chaminé. Não tão logo.




    Nego expressar minha opinião pelo novo papa e tampouco pelo papado como um todo. Apesar de católica, não sou fã nem de minha religião e nem de nenhuma outra, pelo simples fato de acreditar que religiões deveriam gerar paz e não guerras seculares. Portanto, nada a declarar sobre o argentino, mesmo por que deveria me aprofundar mais em seus prós (como a sólida carreira na Igreja Católica) e contras (como a suposta liderança em uma campanha contra o casamento homossexual).
      Voltando à chaminé ... São horas e horas olhando pra estrutura metálica e sem graça. Achei que o Conclave fosse durar mais tempo e que só teríamos pinceladas brancas no céu durante a próxima semana. Errei. Quando a tarde de hoje começou e uma nuvem negra saiu da chaminé, já estava no meu ambiente de trabalho. Reparei que todos se tranquilizaram pela indecisão dos senhorzinhos. Tranquilidade passageira. Não demorou muito para que a situação se invertesse. 
       Vapt Vup.
     Redação superlotada. Que sensação a de olhar para os lados e ver as pessoas acumuladas, atentas aos televisores (muitos, transmitindo a mesma coisa, no mesmo momento). Sensação baseada em uma crença inocente de que todos estão lá, lado a lado, pela notícia. - Pois é:  no meu mundo, mágico, a informação vem em primeiro lugar. - Que delícia fazer parte da bagunça organizada: luzes, câmera, ação! Que delícia fazer parte de uma evolução. Editores, coordenadores, âncoras, apuradores, operadores e internautas se misturavam, concentradíssimos, todos com aquele feeling de jornalista, aquela mania de fazer mil coisas ao mesmo tempo, mas sempre achar espaço para uma nova tarefa.
     Enquanto o mundo ouvia Habemus Papam, eu me esquecia de ficar triste. Na tarde de hoje não tive tempo nem de chorar possíveis lágrimas. 
      Agradeço ao ocorrido.



segunda-feira, 11 de março de 2013

Solucionando Equações


     A segunda-feira útil acabou e estava no caminho de casa ouvindo uma sequência da banda Coldplay, na qual eles, mais ou menos, desejavam que Deus colocasse um sorriso em meu rosto e, minutos depois, me diziam que quando ela era apenas uma garota, ela esperava o mundo e sonhava com o paraíso. Além de me lembrarem o quanto era significativo ser uma linda rosa vermelha saindo do concreto. Não sou a maior fã de Coldplay, mas não nego que a volta para casa se tornou bem mais agradável com os pensamentos que suas letras e melodias ocasionaram. Até o início dessa noite nem havia cogitado escrever por aqui hoje. Mudei de ideia.
      Conforme o momento de minha vida sou muito atraída por alguns termos do dicionário português. Um deles é o termo “equação”: na matemática, uma simples (às vezes nem tanto) fórmula de igualdade entre duas quantidades. Para nós, meros mortais, uma dúvida; algo que envolva uma incógnita, um x ou um y; um problema com soluções complexas, que pode até dar dores de cabeça e nos tirar uma noite de sono.

      Ao longo do dia, não importa se somos mais racionais ou mais emocionais, todos construímos, destruímos e solucionamos equações. Aquelas com uma variável só ou aquelas com mil variáveis. Estamos sempre abertos às equações e mesmo contra nossa vontade elas aparecem, nas horas mais indesejadas, nos momentos mais imprecisos e... Aqui estão elas, novamente. O X no meio do sentimento mais intenso. O Y que passa a ser obstáculo na elaboração de projetos inéditos. Ninguém precisa ser Albert Einstein para entender esse vai e vem de letrinhas.

     Aqui entra meu lado positivo de viver. Na minha opinião, é um gênio de marca maior aquele que aceita o fato de as equações fazerem parte do nosso cotidiano, que busca elaborá-las, mas que também busca solucioná-las. Me esforço todos os dias para aprender com esses gênios, inteiramente admirados por mim. Eles são os melhores professores de matemática que um ser humano pode ter. Ah ! E todo mundo tem pelo menos um, basta prestar atenção. 

     O pouco que já absorvi fez de mim uma pessoa melhor, que consegue levar (quase) tudo mais numa boa. Com esses professores, entendi que todo sinal de igual só pode ser aplicado à uma equação quando você realiza escolhas e que, por mais difícil que seja escolher, as consequências são sempre válidas. 
     Aliás, quando a escolha é certa.. Que consequências deliciosas temos o prazer de desfrutar! E, que fique registrado: quanto mais dedicação na hora de escolher, mais chances de fazer a escolha certa. 
    Aprendi, também, que a igualdade não vai ser determinada e que a escolha não vai ser realizada se não houver . Não sei e não quero saber em que Deus você acredita ou “no quê” você acredita. Mas acredite. Se agarre à alguma coisa que te faça bem, que te traga esperanças. 
      Que palavra linda esperança, não?

    Vejo que meus mestres, depois de realizarem escolhas, esboçarem a equação e adicionarem um pouquinho de fé, fazem questão de se lembrar que só devem levar com eles o que foi bom. Tento fazer igual. Por conta própria, me esforço para me preocupar só com aquilo que é realmente preocupante  e  mais ainda para ignorar aquilo que deve ser ignorado. Basta !
     Que Deus coloque um sorriso em meu rosto, que eu consiga ser apenas uma garota desejando o mundo e vivendo num paraíso; e que eu brote do concreto na forma de uma linda rosa.



sábado, 9 de março de 2013

Finais de Semana, literalmente

Sexta feira, 1º de março.
     Uma sexta feira que, tão agradável e rapidamente se tornou sábado. Uma sexta feira diferente, baseada em minhas próprias opções e decisões, na qual eu fui independente por natureza e dependente por opção. Opção do coração.
     Nesta sexta feira, fui dormir quando já estava claro. Antes estava ocupada demais. Vivendo. Não perdi tempo e tampouco horas de sono. Apenas vivi
Fazia frio, mas nem me importei. Deixei as horas passarem sem notá-las.
     O sábado chegou e o frio permanecia. Ao olhar o céu, constatei que já era dia. As luzes da rua já estava apagadas e era possível ver cada gota de orvalho no capô dos carros parados no estacionamento. Peguei a Marginal, rumo ao metrô (e à saudade). As pessoas corriam de um lado para o outro quando, depois de vinte minutos com a cabeça nas nuvens, entrei no vagão. No caminho para casa, eu sorri. Sorri por que vivi. Sorri por que já era sábado.

A semana passou como um raio.
     Outra sexta feira chegou e tudo o que eu fiz foi dormir. Confesso que menos do que queria. Em pouco mais de quatro horas de sono, o sábado chegou. Pulei da cama, não por desejo, mas por obrigação, uma obrigação ainda gostosa de ir trabalhar. Acordei o moço reponsável por apertar os botões das portas que me jogam no mundo todos os dias. Senti pena ao bater no vidro e quase matá-lo do coração, mas passou. 
     Ainda era noite quando eu saí e enfrentei o sistema metroviário de todos os dias. Ainda era noite quando embarquei no ônibus que me traria até onde estou agora, percorrendo novamente a Marginal, porém, em outro sentido.
     Ainda era noite quando passei meu crachá pela catraca e peguei um café na máquina. Agora o céu já está claro, mas minha cabeça não está nas nuvens, como estava nesta mesma hora, há uma semana atrás. Comecei o dia com os pés no chão. Não tive outra opção...

sexta-feira, 8 de março de 2013

Oito de Março e a Balada do Amor Inabalável


Pela data, reproduzirei uma dica extraordinária dada por Maria Lenk, nadadora e mulher, à sua neta: 

     "Você pode ter quantos namorados quiser, mas tenha sua própria carreira e sua própria conta bancária. Assim você poderá sempre contar consigo mesma, não importa o que aconteça." 

Um feliz dia das mulheres, hoje e nos outros 364 do ano.



Quem é louco por escrever, como eu, às vezes pensa em escrever sobre alguma coisa e se depara com uma música que reflete exatamente aquilo (ou quase exatamente, talvez). Legal levar a letra, literalmente, ao pé da letra. Lê-la em forma de texto. Entendê-la e se apaixonar por ela. 

As letras apaixonantes são as melhores.

Por que, então, não disquejóqueiar numa sexta-feira?


      Leva essa canção de amor dançante pra você lembrar de mim, seu coração lembrar de mim.
     Na confusão do dia a dia, no sufoco de uma dúvida, na dor de qualquer coisa, é só tocar essa balada de swingue inabalável que é oásis por amor. Eu vou dizer uma sequência bem clichê: eu preciso de você.
     É força antiga do espírito virando convivência de amizade apaixonada. Sonho, sexo, paixão. Vontade gêmea de ficar e não pensar em nada.
     Planejando pra fazer acontecer, ou, simplesmente, refinando essa amizade. Eu vou dizendo uma sequência bem clichê: eu preciso de você.
     Mesmo que a gente se separe por uns tempos, ou quando você quiser lembrar de mim, toque a balada do amor inabalável, swing de amor nesse planeta.
     Mesmo que a gente se se pare por uns tempos, ou quando você quiser lembrar de mim, toque a balada, seja antes ou depois, eterno love song de nós dois. 





{Skank - Balada do Amor Inabalável}




Meu muito obrigado ao Skank, por fazer parte dos meus dias e pelas músicas deliciosas. Vale a pena. Sempre.


quinta-feira, 7 de março de 2013

Alô?


       Ele foi criado em 1973, por um gênio chamado Martin Cooper e seu primeiro modelo pesava quase 800 gramas. Hoje em dia, pode ser até que ele acorde mais cedo para fazer seu café.

      Sou fã de carteirinha do aparelho celular. Adoro conversar, seja por mensagens ou por ligações. Além disso, acho um máximo poder navegar nas redes sociais, visualizar notícias e jogar os melhores jogos da atualidade, tudo num aparelhinho que cabe na palma da mão e pode até ter uma capinha personalizada, se eu quiser. 
      Quantas vezes já não recebi notícias, boas e ruins, por celular. Quantas brigas já foram começadas e encerradas num simples SMS. Uma tecnologia viciante. 
      Viciante. Ponto. 
      O celular é viciante. Nele temos despertador, relógio, calendário, bloco de notas, câmera fotográfica, editor de imagens, lista de contatos, navegador.. A lista é infinita. 
      Apesar de ser adepta ao robozinho, quero comentar uma desvantagem que atinge todo e qualquer usuário, alguns mais, outros menos.
      Durante algum tempo, mantive um relacionamento, principalmente, pelo celular. Usava meu aparelho até ele ficar quente, fervendo. Falava e falava, dava satisfações até demais. Digitava palavras de amor e de ódio. Certas vezes, não conseguia lutar contra as mensagens que chegavam freneticamente e, por mais rápido que digitasse, nunca as respondia como queria. Eram vinte e quatro horas por dia, durante os sete dias da semana, grudada no meu modelo de telefone sem fio. Quando não conseguia falar no celular do namorado, ligava no do sogro. Quando não tinha crédito, dava um toque no telefone fixo ... Minhas amigas me perguntavam o que tanto eu falava; minha mãe pedia, aos gritos, para eu desligar; meu pai se recusava a jogar baralho enquanto eu não largasse aquela merda.
      Eis que a saudade parou de fazer sentido, afinal, quando ficávamos sem nos falar? Depois que meu relacionamento acabou, eu entendi. Até mesmo antes do fim, quando tudo o que eu mais queria era jogar o telefone pela janela, eu já tinha sacado: o celular pode, sim, ser um utilitário saudável.
     Entre tantas outras coisas, foi também através do uso do celular que me tornei adepta do lema: tudo o que é em exagero, é ruim.

     Uma vez comentei com um amigo que, até bem pouco tempo atrás, eu costumava carregar meu celular comigo até quando ia ao banheiro. E ele achou um nojo, disse que era falta de higiene. Pensei que fosse frescura, mas logo percebi que ele estava completo de razão. 
     Deve estar passando pela cabeça de vocês a "hora do cocô", aquele momento que você sai correndo para o banheiro, com o celular na mão, para jogar um joguinho durante os dez minutos sagrados do dia. Quer uma dica? Palavras cruzadas.

     Hoje, mais uma vez, refleti sobre o uso do comunicador instantâneo e vou contar o motivo, quem sabe não te leve a pensar um pouco também. Estava no ponto de ônibus, atrasada para a primeira aula da faculdade, como de costume. Um moço, com seus trinta e poucos anos, falava ao celular. A conversa começou com uma singelo você está distante, está fria comigo. Seguido por um ou eu fiz alguma coisa ou tem outra pessoa ... Quando o moço implorou: "Por favor, fala pra mim", minha primeira reação foi sentir pena dele: será que havia, realmente, algum motivo para a gelidez? Segundos depois, senti pena de quem estava do outro lado da linha: puta que pariu, a essa hora da manhã tendo que explicar pro cara que não tem nada a ver. Por fim, senti pena de qualquer pessoa que se arrisca a fazer esse tipo de pergunta por telefone: será que alguém gostaria de ser informado que está sendo traído, ou que não há mais amor, por uma mini caixinha de som?

     Venho encontrando pessoas que, como eu, não desgrudam do celular, com ou sem razão. Sempre que tenho a oportunidade alerto-as para que não façam isso, pois não há necessidade.

       Atualmente, por mais difícil que seja (sim, é difícil) aprendi que tudo bem se uma mensagem não é respondida (apesar de eu não gostar quando isso acontece), desde que eu seja correspondida pessoalmente, desde que eu veja a resposta no olhar da pessoa, mesmo que dias ou semanas depois. Também aprendi a me surpreender quando deixo o celular de lado por um tempo e, ao verifica-lo, aparece na minha barra de notificações uma mensagem ou uma ligação, seja inesperada ou totalmente desejada. 

Oi, gente. Meu nome é Giulia e faz quinze minutos que eu não olho meu celular.

terça-feira, 5 de março de 2013

A essência do gesto


Quantas guerras não teriam sido evitadas se, com uma pitada de bom humor e um coração, os soldados rivais interpretassem o sinal de início de batalha apenas como uma espreguiçada do chefe?

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Já lastimou por ter demonstrado sentimento para alguém e essa pessoa não ter dado valor? Já dormiu mal por só ter valorizado demonstrações de alguém quando já era tarde? Ainda consegue calcular quantas vezes já se pegou pensando em gestos que poderiam ser feito com mais consciência e um pouquinho de sentimento? E conseguiu reparar que se um gesto fosse realizado e/ou recebido com mais carinho, ele poderia ser totalmente diferente do que foi? 

Gesticular, do latim gesticulari: exprimir por gestos. Acredito que não seja tão difícil assim, mas, em minha humilde opinião, apenas gestos conscientes, acrescidos de sentimentos sinceros, movem o mundo.

Um pequeno gesto pode ser grandioso, se for sincero. Um gesto sincero ultrapassa barreiras e transmite pequenas demonstrações de carinho, preocupação e afeto. Gesticular, com sinceridade, é um ato extremamente pra-ze-ro-so.

Levantar a mão, assoprar uma vela, escrever um bilhete.. O que tem de tão bom nisso? Levante a mão e acene para alguém. Ta aí: um motivo para sorrir. Assopre a vela do seu aniversário ao lado de seu irmão, ou daquela amiga que você só consegue encontrar uma vez por ano. Pronto: uma memória. Receba um bilhete com uma declaração de amor. Acho que já deu pra entender, não é? Gosto de chamar esse quê especial, compositor dos gestos sinceros, de essência. A essência do gesto.

Ganham pontos comigo aqueles que preenchem seus gestos com essência, mesmo em meio a uma rotina atarefada. Gosto de pensar que ganho pontos quando consigo adicionar minha essência aos meus gestos e, carinhosamente, fazer com que eles repousem na consciência das pessoas. De vez em quando desejo que eles cheguem aos olhos dos menos merecedores, para mudar pontos de vistas, mas, na maioria das vezes, sou mais humilde e só quero que eles preencham os pensamentos de meu amor e de meus amigos.

Quem envia o gesto e quer que ele seja sincero deve adicionar sua própria essência à ele. Quem o interpreta deve conhecer tal essência, ou, ao menos, se esforçar para notá-la. Essa mutualidade parte de uma confiança construída e, simultaneamente, é responsável pela ampliação de tal. A essência compõe a confiança. Só quem confia, inclusive em si mesmo, e tem a capacidade de confiar, consegue realizar gestos sinceros.

Vale a pena procurar sua essência e admirar a de algumas pessoas. 
Vale a pena repensar seus gestos, assim como vale a pena admirar e ignorar, os bons e ruins, respectivamente.

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Acredito que algumas pessoas merecem meu agradecimento: pessoas que me mostram o quanto a vida pode ser planejada de um modo feliz, o quanto o futuro é desejado e querido quando há vontade; pessoas que tornam pequenos gestos tão grandes e que os inserem em minha vida e em meu coração para que eles nunca mais saiam. Obrigada !

Quem você quer agradecer hoje? 




segunda-feira, 4 de março de 2013

Ser


Nas rápidas rotações terrestres do século XXI, ser não é uma definição, algo tatuado no caráter. Ser pode, simplesmente, deduzir um estado de espírito, apresentar um humor temporário, uma opinião ainda não concretizada ou a personalidade do dia. 
   Afinal, o que é ser
Ser vivo é apenas um organismo de alta complexidade que nasce, cresce, se reproduz e, morre? Ou ser vivo é saber que você possui a missão de mostrar que seu coração ainda pulsa, que sua mente ainda pensa, que seus olhos ainda enxergam e que sua boca ainda expõe certo conteúdo, mesmo que ínfimo? 
   Vale a reflexão.
Gosto de acreditar que somos seres e vivos, que nos apaixonamos, planejamos coisas importantes, nos esforçamos para mudar o que está errado e para colocar as coisas no lugar... Que construímos uma opinião, apresentamos essa opinião para quem quiser conhecê-la e lutamos por ela até o fim. 
Gosto de acreditar que sou viva e que existem pessoas como eu. 
Aliás... Gosto de acreditar em algumas palavrinhas mágicas: beleza (expressa de maneiras incríveis), liberdade (compartilhada) e verdade (a mais pura). Gosto de acreditar no amor, dentre todos os termos, o mais encantador.