quarta-feira, 17 de julho de 2013

Para um amigo

"Faltava abandonar a velha escola, tomar o mundo feito coca-cola. Fazer da minha vida sempre o meu passeio público e ao mesmo tempo fazer dela meu caminho só, único. Talvez eu seja o último romântico dos litorais desse oceano Atlântico (...) Só falta te querer, te ganhar e te perder. Falta eu acordar, ser gente grande pra poder chorar.".

Não sei se tenho um amigo muito iluminado ou uma luz que se tornou meu amigo.

Odeio histórias que ficam guardadas na memória por que poderiam ter acontecido, mas não aconteceram. Daquelas que ficam guardadas em uma gaveta. Mas talvez essa gaveta seja a gaveta que salva vidas, talvez se as histórias não fossem parar nela, enroladas, como minha avó enrola as meias limpas e secas, o mundo girasse de um modo diferente e as coisas não ficassem em seus devidos lugares. Talvez.

A obrigação de repensar a vida nos faz abrir essa gaveta, do mesmo modo como nós abrimos caixinhas de cartas, itens embalados, pacotes guardados e livros empoeirados. Junto com essa obrigação, chega a obrigação de sorrirmos com as lembranças boas e chorarmos tanto com as boas quanto com as ruins. E a única coisa que lhe posso dizer, talvez a única que defenda com garras e dentes em relação às lembranças, é de que o riso e o choro lavam a alma e nossa alma precisa ser constantemente lavada. Portanto, relembre.

Não se sinta culpado pela existência da internet. Pelo menos com ela não precisamos aguardar meses até a chegada de uma carta. Se não existe outro jeito de ser ouvido, escreva. É assim que eu vivo (percebe?). Mesmo que seja virtualmente. Gosto do olho no olho, ainda mais quando são olhos especiais. Mas...

Gostaria de te lembrar que não são todas as pessoas que são como nós e acreditam nos sentimentos, mas, simultaneamente, conseguem brincar com situações do dia a dia. Existem pessoas que não conseguem caminhar por esses dois caminhos, não por falta de vontade, mas por falta de costume. (quem dera se pudéssemos ensiná-las, não é?). Apenas não deixe de ser quem você é.

É ótimo quando gostamos de alguém e esse alguém gosta de nós. Mas quem disse que é fácil isso acontecer? E quem disse que é fácil notarmos quando isso acontece? Quem disse que, ao notarmos, sabemos e-xa-ta-mente o que fazer?
 
Por fim, queria te lembrar de não termos receio e termos foco em quem somos, no nosso papel. Sei que você já é ciente do quão abençoado somos. Abençoados o suficiente para resolvermos nossas situações. Queria, também, de te agradecer pela lição de 'ser' que você nos dá.

Não podemos mudar o passado. É o que vamos contar aos nossos filhos e netos e, quando não, é a nossa maior apostila de aprendizado. Vamos viver o presente como se ele fosse um presente que vem num pacote colorido, embrulhado com fitas vermelhas e alguns adesivinhos para enfeitar. E sobre o futuro, conversamos amanhã.


Por favor, não fique curioso (a) sobre o resto da discussão e sobre as outras considerações. O trecho acima é parte de um retorno dado ao email de um grande amigo sobre a dor e a delícia de viver.




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