quinta-feira, 7 de março de 2013

Alô?


       Ele foi criado em 1973, por um gênio chamado Martin Cooper e seu primeiro modelo pesava quase 800 gramas. Hoje em dia, pode ser até que ele acorde mais cedo para fazer seu café.

      Sou fã de carteirinha do aparelho celular. Adoro conversar, seja por mensagens ou por ligações. Além disso, acho um máximo poder navegar nas redes sociais, visualizar notícias e jogar os melhores jogos da atualidade, tudo num aparelhinho que cabe na palma da mão e pode até ter uma capinha personalizada, se eu quiser. 
      Quantas vezes já não recebi notícias, boas e ruins, por celular. Quantas brigas já foram começadas e encerradas num simples SMS. Uma tecnologia viciante. 
      Viciante. Ponto. 
      O celular é viciante. Nele temos despertador, relógio, calendário, bloco de notas, câmera fotográfica, editor de imagens, lista de contatos, navegador.. A lista é infinita. 
      Apesar de ser adepta ao robozinho, quero comentar uma desvantagem que atinge todo e qualquer usuário, alguns mais, outros menos.
      Durante algum tempo, mantive um relacionamento, principalmente, pelo celular. Usava meu aparelho até ele ficar quente, fervendo. Falava e falava, dava satisfações até demais. Digitava palavras de amor e de ódio. Certas vezes, não conseguia lutar contra as mensagens que chegavam freneticamente e, por mais rápido que digitasse, nunca as respondia como queria. Eram vinte e quatro horas por dia, durante os sete dias da semana, grudada no meu modelo de telefone sem fio. Quando não conseguia falar no celular do namorado, ligava no do sogro. Quando não tinha crédito, dava um toque no telefone fixo ... Minhas amigas me perguntavam o que tanto eu falava; minha mãe pedia, aos gritos, para eu desligar; meu pai se recusava a jogar baralho enquanto eu não largasse aquela merda.
      Eis que a saudade parou de fazer sentido, afinal, quando ficávamos sem nos falar? Depois que meu relacionamento acabou, eu entendi. Até mesmo antes do fim, quando tudo o que eu mais queria era jogar o telefone pela janela, eu já tinha sacado: o celular pode, sim, ser um utilitário saudável.
     Entre tantas outras coisas, foi também através do uso do celular que me tornei adepta do lema: tudo o que é em exagero, é ruim.

     Uma vez comentei com um amigo que, até bem pouco tempo atrás, eu costumava carregar meu celular comigo até quando ia ao banheiro. E ele achou um nojo, disse que era falta de higiene. Pensei que fosse frescura, mas logo percebi que ele estava completo de razão. 
     Deve estar passando pela cabeça de vocês a "hora do cocô", aquele momento que você sai correndo para o banheiro, com o celular na mão, para jogar um joguinho durante os dez minutos sagrados do dia. Quer uma dica? Palavras cruzadas.

     Hoje, mais uma vez, refleti sobre o uso do comunicador instantâneo e vou contar o motivo, quem sabe não te leve a pensar um pouco também. Estava no ponto de ônibus, atrasada para a primeira aula da faculdade, como de costume. Um moço, com seus trinta e poucos anos, falava ao celular. A conversa começou com uma singelo você está distante, está fria comigo. Seguido por um ou eu fiz alguma coisa ou tem outra pessoa ... Quando o moço implorou: "Por favor, fala pra mim", minha primeira reação foi sentir pena dele: será que havia, realmente, algum motivo para a gelidez? Segundos depois, senti pena de quem estava do outro lado da linha: puta que pariu, a essa hora da manhã tendo que explicar pro cara que não tem nada a ver. Por fim, senti pena de qualquer pessoa que se arrisca a fazer esse tipo de pergunta por telefone: será que alguém gostaria de ser informado que está sendo traído, ou que não há mais amor, por uma mini caixinha de som?

     Venho encontrando pessoas que, como eu, não desgrudam do celular, com ou sem razão. Sempre que tenho a oportunidade alerto-as para que não façam isso, pois não há necessidade.

       Atualmente, por mais difícil que seja (sim, é difícil) aprendi que tudo bem se uma mensagem não é respondida (apesar de eu não gostar quando isso acontece), desde que eu seja correspondida pessoalmente, desde que eu veja a resposta no olhar da pessoa, mesmo que dias ou semanas depois. Também aprendi a me surpreender quando deixo o celular de lado por um tempo e, ao verifica-lo, aparece na minha barra de notificações uma mensagem ou uma ligação, seja inesperada ou totalmente desejada. 

Oi, gente. Meu nome é Giulia e faz quinze minutos que eu não olho meu celular.

Um comentário:

  1. Esse é o preço do mundo moderno! Feliz daquele que usufrui da tecnologia e não vive aprisionado por ela. As relações humanas passaram a ser robóticas e superficiais, que hoje, é mais surpreendente fazer parte do mundo virtual/mecânico, do que cultivar a convivência de ideias e o interesse mútuo entre pessoa e pessoa...

    ResponderExcluir